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Tereré: A bebida do sul-mato-grossense

  • J. Miranda
  • 25 de jan. de 2016
  • 3 min de leitura

Erva, Guampa e Bomba (foto: Arquivo Pessoal)


Acho que existem duas coisas que irritam o sul-mato-grossense. A primeira, é se referir ao estado como Mato Grosso, alias, jamais façam isso. Não somos MT há mais de 35 anos, então, por favor, Mato Grosso do Sul. E a segunda, é pronunciar nosso precioso Tereré como Terere. Sim, um acento faz toda diferença.


O Tereré, é a bebida típica do nosso estado, assim como o Chimarrão é do Rio Grande do Sul. O sul-mato-grossense também bebe Chimarrão, mas o Tereré é a nossa marca. E infelizmente, ao contrário do Chimas, poucas pessoas fora do Centro-Oeste e Sul conhecem o nosso Téres. Talvez seja precipitado afirmar isso, porque não fiz nenhuma pesquisa para comprovar cientificamente, mas a questão é que desde que mudei para o Rio de Janeiro, todas as pessoas com quem falo sobre Tereré, acham que é Chimarrão.


Pois bem, como boa filha de Ponta Porã, a famosa Princesinha dos Ervais, tentarei explicar em breves palavras o que é o Tereré de que tanto falo. Aquele que almejo nos dias quentes do sempre verão carioca, ou seja, todos os dias.


A bebida é composta por basicamente água gelada, bem gelada, muito gelada, extremamente gelada e Erva Mate. O preparo é simples: colocamos cerca de duas colheres de erva na Guampa (pode ser um copo de alumínio também), acomodamos a bomba junto a erva (uma espécie de canudo de alumínio com função de filtro), colocamos a água, esperamos assentar e está pronta para ser consumida. A Erva Mate por si já é refrescante, podendo ser de menta, hortelã, boldo, entre outras. Ainda assim, algumas pessoas para complementar o sabor, acrescentam à água gengibre e limão.


Para o sul-mato-grossense não existe idade, e simplesmente não tem hora ou lugar para tomar Tereré. Ele esquece a carteira em casa, mas não larga a térmica com gelo/água e a guampa. Seja no ambiente de trabalho, escola/faculdade, carros, rua, independente, você SEMPRE verá "um Tereré" rodando.


É isso mesmo, rodando... Porque a ideia é ser uma bebida para ser tomada em roda, cada pessoa da roda toma "um tereré", ou seja, "um copo". Você precisa consumir toda água que tiver na guampa, secar mesmo, e só então passar para próxima pessoa. Sim, a bomba (canudinho), vai passar na boca de todo mundo da roda, e do fulano que chegar depois também. Outra coisa importante, a bomba permanece fixa na erva, não é milk shake pra você ficar rodando ela ali.


Faz mal? Posso contrair alguma doença? Bem, eu nunca vi ou ouvir alguém que adoeceu ou veio a falecer por tomar Tereré, pelo contrário, há quem diga que faz benzão para saúde. Quanto a ser compartilhado, acredito que se houver algum problema nessa prática precisamos de uma intervenção da OMS, urgente! Porque "los hermanos paraguayos" também tomam Tereré, então seria muita gente com problema. Mas, na minha humilde opinião, Tereré faz mal quando falta.


Daí tu me pergunta, é de bom-tom recusar Tereré? Depende de onde você esteja. Se por um acaso, você estiver na casa de uma família tradicional sul-mato-grossense/paraguaia, e lhe foi oferecido com uma sopa ou chipa, JAMAIS diga não. Mas no geral, meu conselho é que pelo menos você experimente, e não, não faça cara de nojo.


Agora que você já se familiarizou com Tereré, eu apareço falando de família paraguaia, sopa e chipa. Ficou um pouco confuso, não é? Somos um estado fronteiriço, amigx, fazemos divisa com a Bolívia e o Paraguai, tem todo um contexto multicultural envolvido. Mas acalme o seu coração, eu voltarei e explicarei tudo, inclusive sobre a história da Erva Mate.


Agora, vou ficando por aqui, e me despeço com um convite sul-mato-grossense: "Qualquer dia desses, passa lá em casa pra nós tomar um Tereré!"


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